Agrupamento de Escolas da Ericeira

CELEBRAÇÃO DO 25 DE ABRIL na EBS António Bento Franco 

Uma homenagem aos “homens e mulheres que não vacilaram  para lutar pela liberdade”, nas palavras do convidado professor Eugénio  Ruivo. 

Na semana do 25 de Abril, mais concretamente a 22, foram realizadas  algumas atividades com o objetivo de celebrar a memória e a luta daqueles que,  com coragem e sacrifício, abriram caminho à liberdade que hoje vivemos.  

Assim, os nossos alunos do Secundário, professores e outros funcionários,  tiveram a oportunidade de assistir à apresentação do livro Lutaram pela Liberdade!  Uma História da Resistência à ditadura fascista no Concelho de Mafra (1926- 1974) e os alunos dos 9º e 10º anos tiveram o privilégio de ouvir e interagir com ex 

presos políticos que, generosamente, partilharam as suas experiências duma época  em que os direitos fundamentais eram negados e a repressão era uma constante.  No espaço polivalente da escola foi montada uma exposição com importantes  referências ao 25 de Abril em geral, mas também com incidência particular nos  resistentes de Mafra. 

A apresentação do livro foi feita pelo historiador Luís Farinha, com  contributos de outros elementos da URAP, Eugénio Ruivo e José Alberto Franco.  Foram-nos apresentados documentos, fotografias, biografias que comprovam a  prisão de 191 homens e mulheres de Mafra, com histórias de resistência, de  coragem e de esperança num mundo melhor. O livro é uma homenagem a estes  homens e mulheres que levantaram a sua voz e, assim, arriscaram a sua vida. Ao  longo da apresentação, várias alunas do 12º ano foram dizendo poemas de Jorge  de Sena, João de Melo ou Sophia de Mello Breyner Andresen, poetas que  expressam como ninguém o sentir coletivo de uma geração que viveu o antes e o  pós 25 de Abril. 

Nas sessões dirigidas aos alunos do 9º e do 10º anos, o engenheiro José  Alberto Franco partilhou “a experiência de dezenas de anos de resistência à  ditadura e à falta de liberdade”. Contou que “muitos portugueses estavam  insatisfeitos e inconformados com o regime, contra a guerra colonial, um  cancro de 61-74. Muitos foram enviados para as antigas colónias sem saberem  o que lá se passava”, à custa de “chantagem contra os estudantes”. Por ser 

ativista no Movimento Católico, o palestrante esteve pouco tempo preso, evitando-se  um “escândalo” maior. 

Por sua vez, o professor Eugénio Ruivo recordou: “com nove anos ia  jogar com os colegas no relvado da Aula Magna da Universidade de Lisboa, os rapazes, porque as raparigas não podiam. E ai dos que queriam beijar-se em  público, de repente, vinha a polícia de choque e arrastava rapazes e raparigas  para dentro das carrinhas. À noite eu falava com o meu pai sobre o ocorrido e  ele dizia que era a favor da luta dos estudantes. A minha mãe foi obrigada a ir  trabalhar aos nove anos, na Feira Popular, porque os pais não tinham  condições económicas para ela e os irmãos estudarem.” E acrescentou: “Eu,  com nove anos, também tive de ir trabalhar, ia vender para a Feira da Malveira  com os meus pais. Ao ver as crianças, vinham da Avessada e de outros locais,  comecei a pensar… Aos meus dezasseis anos, era aprendiz de eletricista de  automóvel. Hoje sou professor de Educação Física, fiz o Mestrado. Graças a  esta luta pela Escola Pública, hoje todas as crianças e os jovens estudam.” 

Num tempo em que a liberdade nem sempre é valorizada ou compreendida,  esta foi uma forma de mostrar às novas gerações o quão preciosa ela é e lembrar  que “nunca deve ser dada por garantida”, como realçou o professor Eugénio  Ruivo. 

Texto: Professoras Anabela Gonçalves e Conceição Jorge 

Fotografias: Professora Anabela Barros e Repórter Ouriço

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